RESERVAS DE ÚLTIMA HORA PODEM VIRAR GOLPE, VEJA COMO EVITAR PREJUÍZOS

05/12/2025

  Com o calendário já em dezembro e a correria das viagens de fim de ano começando, o cenário para golpes fica ainda mais perigoso. Só no primeiro semestre deste ano, segundo a Febraban, foram registradas 174 mil ocorrências de fraudes online, muitas delas envolvendo páginas falsas que imitam e-commerces e promoções inexistentes enviadas por e-mail, SMS e WhatsApp.Na pressa de garantir uma hospedagem "boa e barata", muitos viajantes acabam clicando nesses links e caindo em armadilhas cada vez mais sofisticadas, especialmente agora, quando a demanda sobe e a atenção diminui.

  Os golpes vão desde anúncios falsos de casas e apartamentos de temporada até fraudes elaboradas que envolvem reservas inexistentes, links maliciosos e interceptação de dados em redes públicas de Wi-Fi. Wanderson Castilho, perito internacional em crimes digitais e CEO da Enetsec, explica que o final do ano é praticamente um prato cheio para os golpistas: "Em dezembro, as pessoas têm pressa e estão emocionalmente envolvidas com a ideia de viajar. Os criminosos sabem disso e investem tempo, tecnologia e estratégias mais elaboradas para fazer tudo parecer legítimo, de sites a documentos perfeitos", afirma.

  Ele lembra que até viajantes experientes podem ser enganados. "Hoje, 85% das compras são feitas online. Quanto mais dependemos da internet, mais fácil fica para o golpista criar uma narrativa convincente. Por isso é tão importante redobrar a atenção", reforça

  Para ajudar quem vai viajar, principalmente quem deixou tudo para a última hora, Wanderson Castilho lista as principais atitudes que podem impedir que um golpe transforme as férias em dor de cabeça.

  Verifique se o site é verdadeiroAntes de fazer qualquer reserva, o viajante precisa olhar além do cadeado e do "https". Criminosos têm criado páginas falsas praticamente idênticas às originais, com o mesmo layout, cores e até falsos selos de segurança. Para evitar cair nesse tipo de armadilha, Castilho orienta que o usuário pesquise o nome da hospedagem no Google Maps e confirme se o endereço realmente existe, compare fotos para ver se não são imagens de bancos gratuitos e leia avaliações recentes, comentários repetidos, muito genéricos ou publicados todos no mesmo dia costumam indicar fraude. Outra regra essencial é nunca clicar em links enviados por mensagem ou redes sociais. "Quanto mais o site parece perfeito, mais atento você deve estar. Os golpistas são especialistas em copiar detalhes que passam despercebidos", alerta o perito.

  Fuja de ofertas boas demaisOfertas irresistíveis são o anzol número um dos golpistas. Castilho explica que, no final do ano, os criminosos exploram justamente a ansiedade do viajante que deixou tudo para a última hora. Hospedagens luxuosas por valores muito abaixo do mercado, "última vaga disponível" ou contagens regressivas falsas são estratégias comuns para criar urgência e fazer a vítima agir por impulso. O recomendável é comparar o preço em diferentes plataformas e checar se a diferença entre os valores não é exagerada. Valores muito fora da realidade, principalmente em semanas de alta temporada, quase sempre indicam golpe. "Se a oferta parece uma oportunidade única, respire. Na maioria das vezes, é só um golpe muito bem montado", afirma.

  Use métodos de pagamento seguros: Outra orientação fundamental é optar por pagamentos que ofereçam possibilidade de contestação, como cartão de crédito ou plataformas reconhecidas. Golpistas raramente aceitam esse tipo de método; em vez disso, pedem PIX imediato, depósito bancário ou transferência para supostos "gerentes de reserva". Quando isso acontece, é quase certo que se trata de fraude. Castilho reforça, ainda, que o consumidor nunca deve enviar fotos de documentos, dados de cartão de crédito ou informações pessoais por WhatsApp, e-mail ou mensagens diretas, já que esses canais são facilmente interceptados ou manipulados. "Golpe muito comum hoje é o falso atendimento do hotel pedindo confirmação via PIX. Parece profissional, mas é fraude", explica.

  Evite Wi-Fi público ao concluir reservas: A pressa e a conveniência fazem muitos viajantes realizarem reservas ou pagamentos usando Wi-Fi de aeroportos, shoppings ou cafés, mas essa prática pode abrir as portas para criminosos. Hackers conseguem criar redes falsas com nomes parecidos com os oficiais como "Hotel_FreeWiFi" ou "Aeroporto_WiFi" e, ao se conectar nelas, o usuário acaba entregando logins, senhas e até números de cartão. O ideal é usar a rede móvel do celular ou uma VPN confiável. Caso a conexão pública seja inevitável, nunca finalize compras, nem coloque informações pessoais.

  Crie senhas fortes e ative dupla autenticação: Com o aumento das compras online, sobretudo em dezembro, senhas fracas se tornam um caminho rápido para prejuízos. Para o perito, é essencial usar combinações fortes, longas e diferentes para cada plataforma, além de ativar a verificação em duas etapas sempre que possível. Isso impede que o criminoso acesse suas contas mesmo que consiga sua senha por meio de vazamentos ou golpes de phishing. Outra recomendação é evitar salvar senhas automaticamente em computadores públicos ou no notebook do trabalho. "Uma única senha vazada pode abrir o caminho para golpes em cadeia", ressalta

  Por fim, priorize reservas em plataformas oficiais: Mesmo com tantas opções, reservar diretamente em plataformas grandes ou no site oficial do hotel ainda é a forma mais segura de viajar. Além de maior credibilidade, esses canais oferecem política de cancelamento clara, suporte eficiente e histórico de avaliações reais. Caso o viajante decida tratar diretamente com o proprietário, é fundamental pedir vídeos do imóvel feitos na hora, perguntar detalhes específicos sobre o local e verificar se o mesmo anúncio aparece em outras plataformas, muitas fraudes usam fotos roubadas de sites estrangeiros. Quando o anunciante insiste para finalizar a negociação "por fora" para "economizar taxas", o alerta precisa ficar ainda maior. Esse é um dos modelos de golpe mais comuns hoje.

  "A tecnologia evolui, mas os golpes também. O viajante precisa entender que a responsabilidade pela segurança digital não é apenas das plataformas. Parte dela está no comportamento: checar, confirmar e não agir no impulso", finaliza o perito. 

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